terça-feira, 11 de setembro de 2007

[algumas considerações sobre os últimos filmes vistos]

Ultimamente, não tenho tempo para nada, nem para ver filmes, nem para postar.
Vou postar aqui, rapidamente, apenas uma coisa ou outra sobre os filmes que vi nesses últimos dias, sem previsão de quando terei um tempo livre para ver outro.

O Ultimato Bourne [finalmente me devolveram o cinema]



Do que eu lembro, não houve nenhum outro filme de ação que eu gostasse tanto. Peguei a má fase do James Bond no cinema, e os filmes do Schwarznegger, Stallone, Van Damme em casa mesmo. Por isso eu detestava filmes de ação.
E fui assistir este a certo contragosto. Não havia assistido os outros e achei que, para piorar a situação, não iria entender nada da história [apesar do meu pré-conceito já muito bem estabelecido de que filmes de ação não possuem uma história].
E, agradável surpresa, todas as minhas idéias sobre o filme caíram por terra. As cenas de perseguição são um espetáculo a parte, fazendo o coração pulsar em ritmo tão frenético quanto o da cena. O roteiro aposta em todos os fronts, das perseguições mais humanas, em locais abertos, como uma estação de metrô ou uma feira ao ar livre no Marrocos, até perseguições de carro em plena New York.
A câmera trêmula do Paul Greengrass dá um caráter mais documental ao filme, o que equilibra bastante a inverossimilhança de determinadas seqüências. E o que mais impressiona. A falta de um compromisso com a verdade, ao invés de atrapalhar, se torna em uma deliciosa experiência.
Tenho mais coisas pra falar, mas isto era pra ser um breve comentário. =P
Nunca vi uma sala de cinema tão silenciosa durante a exibição de um blockbuster. As pessoas realmente acompanhavam todos os passos de Jason Bourne na tela. E sentiam-se apreensivas nas perseguições, sorriam aliviadas nas reviravoltas. E eu era parte daquilo novamente. Daquilo que o cinema deve ser.
Se o problema da decadência do cinema é da indústria cinematográfica, cada vez mais repetitiva, ou do público, cada vez menos criterioso, não importa.
O que importa é que o Greengrass conseguiu fazer um filme de qualidade, sem precisar recorrer a reflexões ou análises quaisquer.
E, por favor, não tentem fazer isso por ele.
O Ultimato Bourne. (The Bourne Ultimatum). 2007. Paul Greengrass. USA.

O Filho



Obra realista do cinema francês, que segue a tendência de alguns diretores de tal região ultimamente. Nada novo na fórmula. Ausência de trilha sonora, desenrolar monótono da história, vida suburbana em foco. Me lembrou muito 'O quarto do filho', de Nani Moretti. Está tudo ali novamente pra mostrar que o silêncio às vezes fala mais alto, que a vida não tem trilha sonora, e por isso os sentimentos, reais, são confusos, complexos, intensos. Mais intensos que qualquer trilha sonora faça parecer.
O Filho. (Le fils). 1992. Jean-Pierre & Luc Dardenne. Bélgica.


Z



Drama político que não tem vergonha do que é. Já de início, a frase "Qualquer semelhança com fatos ou pessoas vivas ou mortas não é casual, é intencional" escancara isto. Não gosto do cinema panfletário, engajado, que vez por outra, desvirtua a arte. E o Costa-Gavras consegue se distanciar desta corrente. O cinema de tal diretor é denuncista, sim. Mais este do que seus filmes posteriores. Mas é necessário. É necessário lembrar os horrores da ditadura, da repressão, da incompreensão, do desserviço militar.
O trabalho em si é muito competente, merecedor dos prêmios a que concorreu. O tom documental, as atuações, a trilha sonora. Tudo vai bem, como sempre, para um bom diretor.
Z. (Z). 1969. Costa-Gavras. Argélia.


Manderlay


É irônico ou simplesmente errôneo retratar a nação mais rica do mundo em um cenário despojado de grande parte dos elementos cênicos, no contexto da Grande Depressão, época em que a população norte-americana mais sofreu com a pobreza e a miséria? É no mínimo, criativo. Mas tentar culpá-los por fatos que escapam à sua esfera de ação, e tentar julgá-los por características inerentes à natureza humana é de uma irresponsabilidade tremenda.
Antes de tentar culpar um povo, que culpasse a humanidade.
Lars von Trier cai na besteira da repetição. Não há nada de novo no que se diz respeito a Dogville. Tá certo que é uma trilogia, mas há realmente a necessidade de usar a mesma fórmula novamente?
O roteiro é bom, mas a Bryce Dallas Howard é bem fraquinha. A substituição imediata da Nicole Kidman pela Bryce foi a pior decisão que o Trier poderia tomar. Talvez se ele esperasse mais um pouco, o resultado saísse melhor.
E algo é inegável. O Trier é um novo mestre do melodrama. A cena do julgamento da escrava velha é de quebrar até mesmo o coração do George W. Bush.
Manderlay. (Manderlay). 2005. Lars von Trier. Dinamarca.






Tomates verdes fritos




Bom, não tenho muito o que falar deste filme. Quando era mais novo, me parecia muito melhor. Mas o revi esses dias e me foi tão sem graça. Nem as boas atuações de um elenco feminino magnífico convencem. Tudo sai apenas correto demais.
Tomates verdes fritos. (Fried green tomatoes). 1991. Jon Avnet. USA.



Boogie Nights




É sempre bom rever um trabalho do Paul Thomas Anderson. E cada vez mais gosto mais deste do que Magnólia. Mas é só ver novamente Magnólia para mudar de idéia. É difícil escolher a obra-prima de um diretor que tem, apesar de tão poucos filmes, a capacidade de fazê-los fundamentais.
Boogie Nights - Prazer sem limites. (Boogie Nights). 1997. Paul Thomas Anderson. USA.


Talvez, quem sabe, escrevo algo a mais sobre um ou outro filme.

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