quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

[Golden Globes 2008]

Em parênteses, a ordem decrescente de chances do concorrente na categoria, na minha opinião.

Melhor Filme - Drama
(5) American Gangster
(3) Atonement
(4) Eastern Promises
(7) The Great Debaters
(6) Michael Clayton
(1) No Country for Old Men
(2) There Will Be Blood

The Great Debaters? Ahn? Alguém tinha ouvido falar qualquer coisa sobre esse filme? É a indicação mais estranha para o grande prêmio da noite. Michael Clayton, Eastern Promises e American Gangster dividem chances mínimas de ganhar. Atonement pode até surpreender, mas a disputa mesmo está entre No Country for Old Men e There Will Be Blood. Seria legal ver o P.T. agraciado com o prêmio, mas essa acho que os Coen levam.
[Senti falta de: I'm Not There]

Melhor Filme - Musical ou Comédia
(4) Across The Universe
(3) Charlie Wilson's War
(5) Hairspray
(2) Juno
(1) Sweeney Todd

Hairspray deve ser legal, e só. Nada que ganhe um prêmio tão importante. Juno aparece como o filme independente, está sendo bastante elogiado, mas como filme independente, só está aí marcando presença mesmo. Across The Universe dividiu os críticos, e acho que não ganha nada não. Aqui, a indicação interessante é Charlie Wilson's War, comédia dramática do Mike Nichols. Mas acho que é só interessante mesmo. O prêmio, provavelmente o mais certo noite, vai para Sweeney Todd.


Melhor Ator - Drama
(-) George Clooney – Michael Clayton
(1) Daniel Day-Lewis – There Will Be Blood
(-) James McAvoy – Atonement
(-) Viggo Mortensen – Eastern Promises
(-) Denzel Washington – American Gangster

Aqui realmente está confuso. Com exceção de James McAvoy, são todos atores experientes. Viggo Mortensen está muito bem em Eastern Promises, e os outros eu não vi, mas Daniel Day-Lewis tem sido apontado como favorito.


Melhor Atriz - Drama
(2) Cate Blanchett – Elizabeth: The Golden Age
(1) Julie Christie – Away From Her
(4) Jodie Foster – The Brave One
(5) Angelina Jolie – A Mighty Heart
(3) Keira Knightley – Atonement

Jodie Foster e Angelina Jolie não ganham. Keira Knightley não tem minha simpatia. A disputa fica mesmo entre Julie Christie e Cate Blanchett. A última está sempre bem em cena, mas já é consagrada. Julie Christie há muito não aparece e volta fenomenal no filme da Sarah Polley e acumula mais chances.


Melhor Ator - Comédia
(1) Johnny Depp – Sweeney Todd
(3) Ryan Gosling – Lars and the Real Girl
(4) Tom Hanks – Charlie Wilson's War
(2) Philip Seymour Hoffman – The Savages
(5) John C. Reilly – Walk Hard: The Dewey Cox Story

Ryan Gosling é um dos melhores atores desta nova geração, mas ainda não achou o seu grande papel. Se não ganhou com Half Nelson, não deve ganhar aqui. A época de Tom Hanks já passou, e o único prêmio que ele deve ganhar algum dia é pelo conjunto da obra. Philip Seymour Hoffman estreou um número considerável de filmes esse ano e não fez nada de tão interessante. John C. Reilly também é bom, mas não ganha. Mesmo se tivesse concorrentes mais fortes, Johnny sairia vencedor.


Melhor Atriz - Comédia
(3) Amy Adams – Enchanted
(4) Nikki Blonsky – Hairspray
(5) Helena Bonham Carter – Sweeney Todd
(1) Marion Cotillard – La Vie En Rose
(2) Ellen Page – Juno

A categoria de melhor atriz comédia se contrapõe às outras categorias de atuação. Aqui, o número de atrizes jovens é grande. Nikki Blonsky ou Amy Adams, acho difícil. Helena Bonham Carter teria mais chances, ainda que pequenas, se fosse indicada ao prêmio de coadjvante. A disputa fica entre Ellen Page e Marion Cotillard, que deve levar o prêmio pela sua elogiada atuação como Edith Piaf.


Melhor Ator Coadjuvante
(2) Casey Affleck – The Assassination Of Jesse James By The Coward Robert Ford
(1) Javier Bardem – No Country for Old Men
(4) Philip Seymour Hoffman – Charlie Wilson's War
(5) John Travolta – Hairspray
(3) Tom Wilkinson – Michael Clayton

John Travolta travestido deve ser engraçado e só. Tom Wilkinson assim como o Hoffman, o coadjuvante de luxo, são ótimos atores, mas tem poucas chances. A disputa está mesmo entre Casey e Bardem. Não vi The Assassination... mas o Bardem está perfeito como o psicopata Chigurh. Difícil desbancar ele.


Melhor Atriz Coadjuvante
(2) Cate Blanchett – I'm Not There
(4) Julia Roberts – Charlie Wilson's War
(-) Saoirse Ronan – Atonement
(1) Amy Ryan – Gone Baby Gone
(3) Tilda Swinton – Michael Clayton

Eu sou apaixonado pela Cate, e apesar de ter ganhado o prêmio em Veneza, o trabalho mais elogiado recentemente tem sido o de Amy Ryan no filme do Affleck. Julia Roberts carregará para sempre o estigma de "queridinha da América". Tilda Swinton é uma grande atriz, mas está concorrendo por um filme em que a cena é dividida com outros grandes atores, o que diminui a chance de todos. Quanto a Saoirse Ronan, prefiro não opinar.


Melhor Diretor
(2) Tim Burton – Sweeney Todd
(1) Ethan Coen – No Country for Old Men
(3) Julian Schnabel – The Diving Bell And The Butterfly
(5) Ridley Scott – American Gangster
(4) Joe Wright – Atonement

Julian Schnabel fez uma das películas mais comentadas do ano, mas é um nome desconhecido. Joe Wright vem trabalhando na mesma linha do seu filme antecessor, e não encontra candidatos fracos pela frente. A disputa está mesmo entre Tim Burton e o Coen. É a disputa mais acirrada, junto com melhor filme, e apesar de adorar o trabalho do Burton, fico com o Ethan.
[Senti falta de: Ang Lee, Todd Haynes]


Melhor Animação
(2) Bee Movie
(1) Ratatouille
(3) The Simpsons Movie

A parceria Brad Bird/Pixar deu muito certo novamente e Ratatouille foi a animação do ano, indiscutivelmente. The Simpsons Movie foi apenas um episódio grande da série e Bee Movie faz mais sucesso por causa do Seinfeld do que outra coisa.


Melhor Filme em Língua Estrangeira
(2) 4 luni, 3 saptamani si 2 zile
(3) Scaphandre et le papillon, Le
(5) The Kite Runner
(1) Se, jie
(4) Persepolis

Difícil tentar prever este aqui também. O vencedor de Cannes contra o vencedor de Veneza no páreo. Da disputa, acho que sai vencedor o filme do Ang Lee, perfeito, e lembrado apenas aqui. O Escafandro e a Borboleta vem logo atrás, mas um pouquinho longe. Existe um certo falatório ao redor de Persepolis, mas para mim, não passou ainda de uma animação simpática. The Kite Runner é o filme que eu não quero que ganhe.



As categorias de Melhor Roteiro, Canção Original e Trilha Sonora prefiro não comentar agora. Só queria lembrar a ausência da trilha do Alexandre Desplat, a maior injustiça até aqui.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

10 December 2007

'No Country for Old Men' Tops With Critics' Awards


As the awards season begins, no less than four critics' groups announced their awards over the past two days, with the highest-profile group, the New York Film Critics Circle, giving its top honor to emerging favorite No Country for Old Men. Quickly turning into the movie to beat this season, the Coen brothers movie also won the Best Director, Best Screenplay, and Best Supporting Actor (Javier Bardem) awards from the Gotham critics. Top acting honors went to Daniel Day-Lewis (There Will Be Blood) and Julie Christie (Away From Her), with the supporting actress award going to Amy Ryan (Gone Baby Gone), who is appearing on as many winners' lists as the Coen brothers. Other winners included The Lives of Others (Foreign Language Film), Persepolis (Animated Film), and No End in Sight (Documentary).
In Los Angeles on Sunday, there was blood -- and lots of it -- as Paul Thomas Anderson's historical epic There Will Be Blood swept the awards, taking Best Picture, Director, and Lead Actor (Daniel Day-Lewis) honors. Marion Cotillard of La Vie En Rose was named Best Actress, Vlad Ivanov of the Romanian abortion drama 4 Months, 3 Weeks and 2 Days was the surprise supporting actor winner, and -- yes -- Amy Ryan was named best supporting actress for Gone Baby Gone as well as Before the Devil Knows You're Dead. 4 Months, 3 Weeks and 2 Days also won the foreign language film award, and Tamara Jenkins's The Savages received best screenplay honors. No End in Sight was the documentary winner, with Ratatouille and Persepolis sharing the animated feature award.
Also handing out awards on Sunday was the Boston Society of Film Critics, which jumped on the No Country for Old Men bandwagon, naming it their best picture and Javier Bardem as the supporting actor winner. While Marion Cotillard (La Vie En Rose) was the lead actress winner, the group threw a couple curveballs with awards to lead actor Frank Langella for the acclaimed but little-seen drama Starting Out in the Evening, and to director Julian Schnabel for The Diving Bell and the Butterfly (which also won cinematography and foreign language film honors). Once again, Amy Ryan won the supporting actress award for Gone Baby Gone. Other winners included Ratatouille (screenplay) and Crazy Love (documentary).
And sharing in the fun was the Washington D.C. Area Film Critics Association, which along with Boston and New York named No Country for Old Men as their Best Picture, and giving the Coen brothers directing honors and Javier Bardem the supporting actor award; to exacerbate the sense of deja vu, Amy Ryan was again the supporting actress winner for Gone Baby Gone. A bevy of usual suspects rounded out the DC awards, with George Clooney (Michael Clayton) and Julie Christie (Away From Her) nabbing lead acting awards, and The Diving Bell and the Butterfly taking the foreign language film honor. Other winners included Michael Moore's Sicko (documentary), Ratatouille (animated film), Charlie Wilson's War (adapted screenplay) and Juno (original screenplay and breakthrough performance for Ellen Page).
Following up these critical honors will be the announcement of the Golden Globe nominations this Thursday morning; the Academy Award nominations will be unveiled next month on Tuesday, January 22.


--Mark Englehart, IMDb staff


domingo, 18 de novembro de 2007

[na fila]

Como sempre, a maioria dos filmes que possuem alguma chance no Oscar se acumulam entre os meses de novembro a fevereiro nas telas. Passamos pela época dos blockbusters e entramos agora na época dos filmes mais voltados para um público adulto. E agora começam as apostas para o Oscar. Com chances de Oscar ou não, aí vão os filmes que espero ansiosamente a estréia.



Michael Clayton (30/11)
Acho que o pôster fala tudo. Drama policial de investigação, com elenco de peso.



Viagem a Darjeeling (30/11)
Novo trabalho do Wes Anderson. Apesar da recepção morna, ainda está na fila.



Rescue Dawn (07/12)
Trabalho mais recente do Herzog, em Hollywood. Curioso, no mínimo.


Sombras de Goya (24/12)
Mais um trabalho recente de um diretor cultuado. Mais uma recepção morna. Milos Forman volta após 7 anos.


Reservation Road (28/12)
Drama familiar, com outro elenco de peso. Joaquin Phoenix, Mark Ruffalo, Mira Sorvino e Jennifer Connely.



Elizabeth: A Era de Ouro (11/01)
Uma das atrizes mais importantes em atividade no momento, Cate Blanchett, ataca novamente como rainha Elizabeth. Mas será que com a mesma força do primeiro?


Cloverfield (01/02)
Filme de monstro do produtor de Lost (J. J. Abrams) que dirigiu o último Missão: Impossível.


Sweeney Todd (08/02)
Novo filme do Tim Burton, trabalhando de novo com o fantástico para adaptar a história de um fantasma assassino. À primeira vista, parece uma versão de O Conde de Monte Cristo com um toque bem característico do diretor. Algumas cenas do trailer estão carregadas demais e não me agradaram. É esperar pra ver o resultado.


Onde os Fracos não tem vez (08/02)
Prometo um texto de verdade quando assistir novamente este filme. Lindo, lindo! Os cinéfilos vão ter trabalho esta semana, se as previsões estiverem certas.


Senhores do Crime (08/02)
Pra quem é fã do Cronenberg, uma boa pedida. Resenha do filme também no post anterior.



Lust, Caution (08/02)
Novo trabalho de mestre do mestre Ang Lee.



I'm Not There (15/02)
Melhor trabalho do ano até aqui. Indispensável.


Desejo e Reparação (15/02)
Novo trabalho do Joe Wright, parece seguir bem a linha do seu aclamado trabalho anterior.

There Will Be Blood (15/02)
P.T. Anderson parece ter saído das narrativas com múltiplos personagens. O trailer mostra o trabalho surpreendente do Paul com a câmera, porém não anima muito. Ainda sim, é um P.T. Anderson.


Death Proof (31/03)
Novo filme do Tarantino. Basta.

Sem data de estréia: Funny Games, Lars and The Real Girl, My Blueberry Nights.


sexta-feira, 2 de novembro de 2007

[ranking mostra]

Stress. Filas. Atrasos. Cafés. Correria. Aventuras em São Paulo madrugada adentro.
Ah, e filmes. 16 filmes em cinco dias de mostra. Cinco dias conversando e ouvindo apenas sobre cinema, cinema, mais cinema.
Nem todos os filmes que assisti foram bons, mas tudo valeu a pena. Fica a memória de alguns e a certeza de que essa foi a primeira de muitas mostras. Abaixo, em ordem crescente de importância, a lista dos filmes vistos nessa temporada.




16º) Estômago - Marcos Jorge


Há uma certa tendência no cinema nacional em fazer comédias populares, para atingir uma maior parcela da população e cumprir o papel de aproximação entre arte e massa. Mas na maioria das vezes a receita não dá certo, e Estômago não foge à regra. Comédia boba, bem boba, personagens rasos, roteiro fraco e previsível.
João Miguel está bom, mas apenas repete a sua atuação, em um papel que parece que ele vai interpretar para sempre.
Se esse fosse realmente o melhor filme nacional da temporada, como foi eleito no Festival do Rio, estaríamos com sérios problemas.




15º) A amada - Arnaud Desplechin

Que bem existe em se ter um cineasta no núcleo familiar? Bom, se você um dia vender sua casa, pode fazer um documentário de luxo, sobre a importância histórica de uma casa e as lembranças que tal ato faz reviver. E não passa disso esse filme. Um arquivo pessoal de luxo.


14º) Nem de Eva, nem de Adão - Jean-Paul Civeyrac



Antes de começar o filme, o próprio Cyveriac comentou que o filme se aproximava bastante do realismo francês. Mas eu achei um tanto quanto longe de tal corrente cinematográfica. Aqui as coisas acontecem a todo tempo, em um timing não muito bem estabelecido. Os atores, ainda jovens, não apresentam a capacidade dramática exigida pelos personagens. Mas os vinte minutos finais do filme conseguem ser melhores que o resto do filme inteiro.





13º) Redacted - Brian de Palma


A primeira coisa que veio à minha cabeça quando acabou o filme foi em como o de Palma havia sido preguiçoso em não ter feito um documentário sobre o tema. Geralmente, filmes de guerra, quando querem servir de denúncia, recorrem a tal formato. Quando há a vontade de fazer um filme de ação ou um drama de guerra, opta-se pela ficção. E Redacted fica no meio termo, algo entre o documental e o forjado, de forma meio intencional talvez. Mas no fim das contas, tudo soa meio falso. Falso como os documentos sobre a guerra são, verdade. Porém não como um filme de denúncia deve ser.

12º) Os Solitários - Jean-Paul Civeyrac

Superior ao primeiro trabalho do Cyveriac, e feito com um baixo orçamento, trata da solidão compartilhada por todos nós, expressada de maneiras tão diversas, e da necessidade de alguém que nos dê atenção constantemente. Só é utilizado praticamente um cenário durante quase todo o filme, que serve de palco para o relacionamento entre dois irmãos e as suas mulheres. Ótima interpretação da Lucia Sanchez como Alice.


11º) Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto - Sidney Lumet

Meu primeiro filme do Lumet. E, sinceramente, foi um começo pouco empolgante. O filme não consegue, quase em nenhum momento, ficar acima da mediocridade. Sinceramente. A trilha sonora é ruim. Salva-se apenas pelo elenco magistral [Albert Finney, sempre bom; Philip Seymour Hoffman e Ethan Hawke].

10º) Persépolis - Marjane Satrapi & Vincent Paronnaud

Animação francesa bem simpática, que conta aos olhos de uma menina todo um período histórico conturbado no Irã (como se algum dia as coisas naquele país fossem tranquilas). Indicado para concorrer ao Oscar 2008 como representante da França, tem grandes chances de ficar entre os cinco finalistas. Mas não merecia o prêmio do público na Mostra.
9º) Paranoid Park - Gus Van Sant


Gus Van Sant é um diretor para jovens. Era incrível a quantidade de pessoas entre 18 e 23 anos que se amontoavam na fila da bilheteria. Ele parece entender a complexidade e a solidão que acompanham esta fase da vida, tratando com beleza e precisão a vida adolescente. Abusa novamente da câmera lenta, dos longos planos-seqüência, e nos conta uma história sobre a culpa, sem cair no melodrama. O que fica é a impressão de que vai ser difícil superar Elefante.




8º) Tabu - F. W. Murnau


Não tenho muito o que falar desse filme. Murnau, mas conhecido por ser um autor do expressionismo alemão, nos entrega uma obra bem sólida e sóbria, sem espaço para características estéticas ou interpretativas fora do convencional. Mas não deixa de ser uma belíssima obra sobre o amor proibido.


7º) Senhores do Crime - David Cronenberg


Novo trabalho do Cronenberg, em sua segunda parceria seguida com o Viggo Mortensen, e melhor que o antecessor (Marcas da Violência). Apesar do Viggo estar bem, é o Vincent Cassel que rouba a cena, fazendo o filho do chefe da máfia, que mantém uma relação duvidosa com o seu protegido, papel de Viggo. A cena da luta na sauna é espetacular. Mas eu ainda acho o Cronenberg meio superestimado.

6º) Longe dela - Sarah Polley


Palmas para a Sarah Polley, que com o seu primeiro filme, aos 28 anos, conseguiu fazer um tocante estudo sobre o amor e a dor do esquecimento. O tema do filme é perigoso, com grandes chances de cair em situações piegas. Mas a Sarah foi competente também ao escrever o roteiro, e conta com interpretações inspiradas de Julie Christie e Gordon Pinsent. Filme para ver mais de uma vez, daqueles em que a empatia pelo personagem é tão grande que nos faz sentir junto a ele.


5º) A Retirada - Amos Gitai


Novo filme do Amos Gitai, utiliza como pano de fundo o conflito entre Israel e Palestina, mais precisamente a desocupação das colônias de judeus na Faixa de Gaza. A seqüência inicial do filme, em que um judeu e uma palestina flertam, é sensacional. Parece difícil falar desta região sem entrar em discursos políticos, mas aqui a força é do drama familiar. Uma mulher precisa reencontrar a sua filha em Gaza enquanto seu meio irmão comanda forças judias para a retirada dos colonos judeus. Mas as relações familiares aqui são meio incertas, assim como a verdade na questão da Terra Prometida. No mais, Juliette Binoche está assustadoramente velha, mas com tudo em cima.




4º) Lust, Caution - Ang Lee

Ang Lee se utiliza novamente dos moldes clássicos do cinema para fazer mais uma história de amor proibido. Mas aqui o classicismo é bem mais evidente do que em seu trabalho anterior, talvez pela história ser mais convencional. Grandes chances de possuir um grande número de indicações (entre trilha sonora, direção de arte, figurino, filme estrangeiro).


3º) Onde os Fracos Não Tem Vez - Joel Coen



Talvez a melhor obra dos Coen até aqui, o filme conta com um ritmo tenso do início ao fim. Era o filme que mais queria ver na Mostra, e como fã dos Coen, sou meio suspeito para falar. Mas o Javier Bardem nasceu para ser um psicopata, sua atuação está excelente. O filme consegue muito bem entrelaçar a história de todos os personagens com a do psicopata, e desde a primeira morte sabemos que qualquer um pode morrer a qualquer momento. De novo, um Texas de homens rudes, com uma secura que reflete a aridez da região. Mise en scène ou determinismo, os Coen são mestres em traçar um perfil do texano atual, num Novo Oeste ainda sem lei.



2º) A Questão Humana - Nicholas Klotz



Assustador. Um daqueles filmes que acaba e você não sabe o que faz. A sensação de impotência, a descoberta de uma verdade. Nicholas Klotz foi mestre na estruturação do seu filme e o roteiro é digno de nota 10. Acompanhamos a investigação de um presidente de uma empresa pelo psicólogo da própria empresa e o que parecia ser algo tão pontual vai adquirindo ares cada vez maiores, que envolvem o próprio espectador. E vamos descobrindo junto, nos descobrindo junto, pedaços de um sistema mais cruel que imaginamos, em que a questão humana, certas vezes, é fruto de um passado que queremos de qualquer jeito esquecer.


1º) I'm Not There - Todd Haynes

O primeiro filme que assisti na Mostra. E ocupou o primeiro lugar desde tal momento. Não gosto de usar o termo cinebiografia para este filme. Por mais que pareça isso, acho mais certo definí-lo como o retrato sobre um artista por outro artista. Uma obra de arte. Tal como Mona Lisa não é apenas o quadro de uma mulher.
Assim, lembra mais o trabalho de Tim Burton em Peixe Grande do que o de Taylor Hackford em Ray. Tanto autor como o personagem tem importância fundamental na construção da obra, pois o personagem torna-se ao mesmo tempo que real, impressão pessoal e neste caso, tranferível, de seu descritor.
Também foge da convencional linha dramática que as cinebiografias musicais adquirem. Aqui, o Haynes não quer nos fazer chorar com a história de Dylan. O que ele faz é apenas exprimir a sua visão sobre o cantor, livre de julgamentos morais aos quais estamos acostumados a participar. Tira de si e do espectador o papel de algoz. Ele sabe que não tem esse poder e é nesse ponto em que sai vencedor, e nos entrega uma obra prima.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

[mostra]


Mostra de Cinema de SP vai discutir "crise da cinefilia"
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

Depois de anunciar os mais de 400 filmes programados para a 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o fundador do evento, Leon Cakoff, afirmou, no último sábado: "A cinefilia está em crise. Nós, críticos, estamos perdendo a credibilidade".
A partir dessa constatação, Cakoff decidiu transformar os rumos do cinema e o papel que corresponde à crítica na era da revolução tecnológica em tema central de discussões da próxima Mostra (de 19/10 a 1º/11).
O escritor, crítico e atual diretor da Cinemateca Francesa, Serge Toubiana, aceitou coordenar os debates em torno da questão. A Mostra promoverá ainda o lançamento da edição brasileira (pela Cosacnaify) do livro de ensaios "A Rampa" (1983), do crítico francês Serge Daney, cujo título, na opinião de Cakoff, sintetiza a função da crítica, atualmente em xeque.
"A crítica deveria construir, com o cinema, um pensamento humanitário e filosófico, e não apenas dizer se um filme é bom ou ruim", afirma. "Sou crítico. Caiu a ficha. Estamos perdendo [a comunicação com] a platéia. Hoje, a cinefilia não é mais como no meu passado", observa.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

[cliché]


Por definição, clichê, palavra de origem francesa, refere-se a uma expressão de linguagem que produz efeito contrário no observador, devido ao seu uso excessivo. Logo, a situação torna-se tão familiar ao destinatário que causa uma desagradável sensação de ludibriação. O elemento surpresa é simplesmente perdido, deixando o espectador ao invés de desarmado, refém da previsibilidade.
Neste A Hora do Rush 3, nada escapa da previsibilidade. Direção, roteiro, fotografia, montagem, atuação, e trilha sonora caminham junto para deixar qualquer um ansioso. Ansioso para que a sessão acabe logo.
Brett Ratner não faz simplesmente nada para fugir do lugar comum que são as comédias protagonizadas por policiais. Todas as cenas são simplesmente iguais à qualquer outra besteira produzida pelo gênero, inclusive os filmes anteriores da franquia.
O roteiro ainda nos presenteia com situações insuportavelmente constrangedoras, como a cena em que a pequena oriental pede para a dupla de policiais, em prantos contidos, que eles prometam que irão deter o cruel vilão antes que este faça mais vítimas.
Se antes, pelo menos as lutas coreografadas de Jackie Chan eram, de certa forma, um espetáculo a parte, a sua avançada idade não confere mais ao simpático, porém péssimo ator, a agilidade de antes. E o Chris Tucker consegue repetir o papel que fez em toda a sua filmografia, sem mudar nenhum de seus trejeitos. É o pobre futuro da maioria dos comediantes negros na indústria do cinema.
No mais, ainda não entendi as pontas do veterano Max Von Sydow (bom que o Bergman morreu antes de ver o seu cavaleiro medieval metido em comédias estúpidas) e do renomado diretor Roman Polanski.
Mas por favor, não perca seu tempo, paciência e dinheiro.

A Hora do Rush 3. (Rush Hour 3). 2007. Brett Ratner. USA.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

[algumas considerações sobre os últimos filmes vistos]

Ultimamente, não tenho tempo para nada, nem para ver filmes, nem para postar.
Vou postar aqui, rapidamente, apenas uma coisa ou outra sobre os filmes que vi nesses últimos dias, sem previsão de quando terei um tempo livre para ver outro.

O Ultimato Bourne [finalmente me devolveram o cinema]



Do que eu lembro, não houve nenhum outro filme de ação que eu gostasse tanto. Peguei a má fase do James Bond no cinema, e os filmes do Schwarznegger, Stallone, Van Damme em casa mesmo. Por isso eu detestava filmes de ação.
E fui assistir este a certo contragosto. Não havia assistido os outros e achei que, para piorar a situação, não iria entender nada da história [apesar do meu pré-conceito já muito bem estabelecido de que filmes de ação não possuem uma história].
E, agradável surpresa, todas as minhas idéias sobre o filme caíram por terra. As cenas de perseguição são um espetáculo a parte, fazendo o coração pulsar em ritmo tão frenético quanto o da cena. O roteiro aposta em todos os fronts, das perseguições mais humanas, em locais abertos, como uma estação de metrô ou uma feira ao ar livre no Marrocos, até perseguições de carro em plena New York.
A câmera trêmula do Paul Greengrass dá um caráter mais documental ao filme, o que equilibra bastante a inverossimilhança de determinadas seqüências. E o que mais impressiona. A falta de um compromisso com a verdade, ao invés de atrapalhar, se torna em uma deliciosa experiência.
Tenho mais coisas pra falar, mas isto era pra ser um breve comentário. =P
Nunca vi uma sala de cinema tão silenciosa durante a exibição de um blockbuster. As pessoas realmente acompanhavam todos os passos de Jason Bourne na tela. E sentiam-se apreensivas nas perseguições, sorriam aliviadas nas reviravoltas. E eu era parte daquilo novamente. Daquilo que o cinema deve ser.
Se o problema da decadência do cinema é da indústria cinematográfica, cada vez mais repetitiva, ou do público, cada vez menos criterioso, não importa.
O que importa é que o Greengrass conseguiu fazer um filme de qualidade, sem precisar recorrer a reflexões ou análises quaisquer.
E, por favor, não tentem fazer isso por ele.
O Ultimato Bourne. (The Bourne Ultimatum). 2007. Paul Greengrass. USA.

O Filho



Obra realista do cinema francês, que segue a tendência de alguns diretores de tal região ultimamente. Nada novo na fórmula. Ausência de trilha sonora, desenrolar monótono da história, vida suburbana em foco. Me lembrou muito 'O quarto do filho', de Nani Moretti. Está tudo ali novamente pra mostrar que o silêncio às vezes fala mais alto, que a vida não tem trilha sonora, e por isso os sentimentos, reais, são confusos, complexos, intensos. Mais intensos que qualquer trilha sonora faça parecer.
O Filho. (Le fils). 1992. Jean-Pierre & Luc Dardenne. Bélgica.


Z



Drama político que não tem vergonha do que é. Já de início, a frase "Qualquer semelhança com fatos ou pessoas vivas ou mortas não é casual, é intencional" escancara isto. Não gosto do cinema panfletário, engajado, que vez por outra, desvirtua a arte. E o Costa-Gavras consegue se distanciar desta corrente. O cinema de tal diretor é denuncista, sim. Mais este do que seus filmes posteriores. Mas é necessário. É necessário lembrar os horrores da ditadura, da repressão, da incompreensão, do desserviço militar.
O trabalho em si é muito competente, merecedor dos prêmios a que concorreu. O tom documental, as atuações, a trilha sonora. Tudo vai bem, como sempre, para um bom diretor.
Z. (Z). 1969. Costa-Gavras. Argélia.


Manderlay


É irônico ou simplesmente errôneo retratar a nação mais rica do mundo em um cenário despojado de grande parte dos elementos cênicos, no contexto da Grande Depressão, época em que a população norte-americana mais sofreu com a pobreza e a miséria? É no mínimo, criativo. Mas tentar culpá-los por fatos que escapam à sua esfera de ação, e tentar julgá-los por características inerentes à natureza humana é de uma irresponsabilidade tremenda.
Antes de tentar culpar um povo, que culpasse a humanidade.
Lars von Trier cai na besteira da repetição. Não há nada de novo no que se diz respeito a Dogville. Tá certo que é uma trilogia, mas há realmente a necessidade de usar a mesma fórmula novamente?
O roteiro é bom, mas a Bryce Dallas Howard é bem fraquinha. A substituição imediata da Nicole Kidman pela Bryce foi a pior decisão que o Trier poderia tomar. Talvez se ele esperasse mais um pouco, o resultado saísse melhor.
E algo é inegável. O Trier é um novo mestre do melodrama. A cena do julgamento da escrava velha é de quebrar até mesmo o coração do George W. Bush.
Manderlay. (Manderlay). 2005. Lars von Trier. Dinamarca.






Tomates verdes fritos




Bom, não tenho muito o que falar deste filme. Quando era mais novo, me parecia muito melhor. Mas o revi esses dias e me foi tão sem graça. Nem as boas atuações de um elenco feminino magnífico convencem. Tudo sai apenas correto demais.
Tomates verdes fritos. (Fried green tomatoes). 1991. Jon Avnet. USA.



Boogie Nights




É sempre bom rever um trabalho do Paul Thomas Anderson. E cada vez mais gosto mais deste do que Magnólia. Mas é só ver novamente Magnólia para mudar de idéia. É difícil escolher a obra-prima de um diretor que tem, apesar de tão poucos filmes, a capacidade de fazê-los fundamentais.
Boogie Nights - Prazer sem limites. (Boogie Nights). 1997. Paul Thomas Anderson. USA.


Talvez, quem sabe, escrevo algo a mais sobre um ou outro filme.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

[é, mas não é]


Vai ser meio difícil começar o post. O filme era pra ser uma comédia romântica, e é. Mas, de certa forma é diferente dos outros.
Vi o cartaz, e achei que ia ser um longa sobre dois chefs de cozinha que vão trabalhar junto, iam começar a brigar e no fim iam se apaixonar. É, mas não é.
O filme mantém a mesma estrutura de toda e qualquer comédia romântica. Mas aqui o foco parece ser outro.
Aqui, o foco é a tentativa de uma mulher aprender a conviver com a sua sobrinha, aprender a conviver com os outros. E, no pano de fundo, a história que parecia ser a principal.
Ponto para a Catherine, sempre linda. E para a Abigail, encantadora como sempre [apesar de achar, ao contrário de outros, que no Miss Sunshine ela convence mais]. Mas o Eckhart me convence mais como policial durão do que chef de cozinha se apaixonando.
A trilha sonora de Philip Glass é um atrativo a mais para uma comédia romântica.
Do resto, as coisas saem apenas corretas.
Talvez valha mais lágrimas do que risos, não sei. Mas no fim das contas, vale o ingresso.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

festival de cinco estrelas

Como eu previa, férias em Campinas foi tempo de assistir muitos filmes. Tempo de me apaixonar pelo cinema perfeccionista de Herzog, pela simplicidade das tramas de Truffaut, pela psicologia de Bergman. Tou postando aqui as cotações dos que eu vi nestes últimos dias e que não tive tempo de fazer a resenha. Alguns outros eu esqueci. Vai apenas com as cotações mesmo. Depois escrevo algo se me lembrar. Vou na locadora fazer o levantamento, quando for pegar mais alguns.

Tabu. (Gohatto). 1999. Nagisa Oshima. Japão.

Impulsividade. (Thumbsucker). 2005. Mike Nills. USA.


A passagem. (Stay). 2005. Marc Foster. USA.

Cinema Paradiso. (Nuovo cinema paradiso). 1988. Giuseppe Tornatore. Itália.


Madame satã. (Madame satã). 2002. Karim Aïnouz. Brasil.

A lula e a baleia. (The squid and the whale). 2006. Noah Baumbach. USA.


Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban. (Harry Potter and the prisoner of Azkaban). 2004. Alfonso Cuarón. Reino Unido/USA.

O corte. (Le couperet). 2005. Costa-Gavras. França/Bélgica/Espanha.

Os Infiltrados. (The departed). 2006. Martin Scorsese. USA.

Peixe grande e suas histórias maravilhosas. (Big Fish). 2003. Tim Burton. USA.


Gosto de sangue. (Blood simple). 1984. Joel Coen. USA.


O homem que não estava lá. (The man who wasn't there). 2002. Joel Coen. USA.


Ratatouille. (Ratatouille). 2007. Brad Bird. USA.


Os esquecidos. (Los olvidados). 1950. Luis Buñuel. México.

Veludo azul. (Blue velvet). 1986. David Lynch. USA.


Taxi driver. (Taxi driver). 1976. Martin Scorsese. USA.


O nome da rosa. (Der name der rose). 1986. Jean-Jacques Annaud. França.


Depois daquele beijo. (Blowup). 1966. Michelangelo Antonioni.

Reino Unido.


A liberdade é azul (Trois couleurs: bleu). 1993. Krzysztof Kieslowski. França.


Zodíaco. (Zodiac). 2007. David Fincher. USA.


Caché. (Caché). 2005. Michael Haneke. França.


Aguirre, cólera dos deuses. (Aguirre, der zorn gottes). 1972. Werner Herzog. Alemanha.


Fitzcarraldo. (Fitzcarraldo). 1982. Werner Herzog. Alemanha.


Nosferatu, vampiro da noite. (Nosferatu: Phantom der nacht). 1979. Werner Herzog. Alemanha.

O enigma de Kaspar Hauser. (Jeder für sich und gott gegen alle). 1974. Werner Herzog. Alemanha.

A noite americana. (La nuit américaine). 1973. François Truffaut. França.

Jules e Jim. (Jules et Jim). 1962. François Truffaut. França.

Os incompreendidos (Les quatre cents coupes). 1959. François Truffaut. França.

Antoine e Colette (segmento de 'Amor aos vinte anos'). (Antoine et Colette - segmento de L'Amour à vingt ans). 1962. François Truffaut. França.

Morangos Silvestres. (Smultronstället). 1957. Ingmar Bergman. Suécia.

Saraband. (Saraband). 2003. Ingmar Bergman. Suécia.
A fonte da donzela. (Jungfrukällan). 1960. Ingmar Bergman. Suécia.