terça-feira, 9 de outubro de 2007

[mostra]


Mostra de Cinema de SP vai discutir "crise da cinefilia"
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

Depois de anunciar os mais de 400 filmes programados para a 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o fundador do evento, Leon Cakoff, afirmou, no último sábado: "A cinefilia está em crise. Nós, críticos, estamos perdendo a credibilidade".
A partir dessa constatação, Cakoff decidiu transformar os rumos do cinema e o papel que corresponde à crítica na era da revolução tecnológica em tema central de discussões da próxima Mostra (de 19/10 a 1º/11).
O escritor, crítico e atual diretor da Cinemateca Francesa, Serge Toubiana, aceitou coordenar os debates em torno da questão. A Mostra promoverá ainda o lançamento da edição brasileira (pela Cosacnaify) do livro de ensaios "A Rampa" (1983), do crítico francês Serge Daney, cujo título, na opinião de Cakoff, sintetiza a função da crítica, atualmente em xeque.
"A crítica deveria construir, com o cinema, um pensamento humanitário e filosófico, e não apenas dizer se um filme é bom ou ruim", afirma. "Sou crítico. Caiu a ficha. Estamos perdendo [a comunicação com] a platéia. Hoje, a cinefilia não é mais como no meu passado", observa.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

[cliché]


Por definição, clichê, palavra de origem francesa, refere-se a uma expressão de linguagem que produz efeito contrário no observador, devido ao seu uso excessivo. Logo, a situação torna-se tão familiar ao destinatário que causa uma desagradável sensação de ludibriação. O elemento surpresa é simplesmente perdido, deixando o espectador ao invés de desarmado, refém da previsibilidade.
Neste A Hora do Rush 3, nada escapa da previsibilidade. Direção, roteiro, fotografia, montagem, atuação, e trilha sonora caminham junto para deixar qualquer um ansioso. Ansioso para que a sessão acabe logo.
Brett Ratner não faz simplesmente nada para fugir do lugar comum que são as comédias protagonizadas por policiais. Todas as cenas são simplesmente iguais à qualquer outra besteira produzida pelo gênero, inclusive os filmes anteriores da franquia.
O roteiro ainda nos presenteia com situações insuportavelmente constrangedoras, como a cena em que a pequena oriental pede para a dupla de policiais, em prantos contidos, que eles prometam que irão deter o cruel vilão antes que este faça mais vítimas.
Se antes, pelo menos as lutas coreografadas de Jackie Chan eram, de certa forma, um espetáculo a parte, a sua avançada idade não confere mais ao simpático, porém péssimo ator, a agilidade de antes. E o Chris Tucker consegue repetir o papel que fez em toda a sua filmografia, sem mudar nenhum de seus trejeitos. É o pobre futuro da maioria dos comediantes negros na indústria do cinema.
No mais, ainda não entendi as pontas do veterano Max Von Sydow (bom que o Bergman morreu antes de ver o seu cavaleiro medieval metido em comédias estúpidas) e do renomado diretor Roman Polanski.
Mas por favor, não perca seu tempo, paciência e dinheiro.

A Hora do Rush 3. (Rush Hour 3). 2007. Brett Ratner. USA.